Segunda-feira, 3 de Março de 2008

Segunda Visita à Junta de Freguesia

    No dia 22 do mês de Fevereiro, o nosso grupo realizou uma nova visita à Junta de Freguesia de Caneças, dois meses depois de termos feito uma primeira visita. Naturalmente, fomos dar a conhecer o nosso projecto, nesta altura já mais desenvolvido, e fazer uma pequena entrevista ao presidente, tentando recolher novas sugestões.

    Como já foi referido, realizámos uma pequena entrevista ao Presidente da Junta, com o intuito de saber a opinião de uma pessoa com conhecimento mais profundo da Freguesia de Caneças. Numa primeira abordagem, quisemos saber se o futuro de Caneças passava pela potencialização das actividades agrícolas. A resposta foi simples e objectiva: "Não!". Segundo o Presidente, Caneças é uma zona semi-rural com diversos espaços que podem ser aproveitados para práticas agrícolas, mas o seu futuro não depende dessas actividades.

    Quando questionado sobre o aproveitamento de terrenos para fins agrícolas, o Presidente foi objectivo ao responder que Caneças tem todas as potencialidades para desenvolver um núcleo turístico com base nas actividades agrícolas, e até deu exemplos como a Fonte dos Castanheiros que, neste momento, se encontra inutilizada. Também questionámos o Presidente acerca de possíveis incentivos (financeiros) fornecidos pela Câmara e, foi-nos dada a indicação de que a Câmara Municipal deixou de dar à Junta grande parte do orçamento que esta auferia, e que sem meios financeiros é difícil pôr em prática determinados projectos.

 

 

 

     É importante referir uma expressão, por parte do Presidente, que ilustra bem o que acima foi descrito: "A Junta, só por si, é muito pobrezinha". Segundo ele, a Junta sente falta de apoios por parte da Câmara, no que diz respeito à realização de determinados projectos, já que para a realização de qualquer projecto tem de haver concordância entre as duas partes. E, portanto, é bastante difícil para a nossa autarquia avançar com algum projecto. Dado como exemplo, foi um plano de renovação do Largo Vieira Caldas, o qual a Junta está totalmente em desacordo, pois, irá conduzir, a médio e a longo prazo, ao esquecimento do que Caneças tem de mais precioso: a sua tradição, o seu passado.

      Em suma, desta reunião com o senhor Armindo Pires Fernandes podemos tirar o balanço mais positivo possível, sendo que nos chamou à atenção para factos muito  mais importantes do que uma constante modernização, sem ter cuidado com a sustentabilidade dos espaços. Tradição e passado são questões que devem prevalecer na imagem desta vila com tanto para dar.

publicado por canecaspartidas às 17:31
link | comentar | favorito
Sexta-feira, 23 de Novembro de 2007

Informação recolhida na Junta de Freguesia de Caneças

   Com a visita à Junta de Freguesia de Caneças, recolhemos informação, desde um mapa até documentos relacionados com a identificação de práticas rurais na freguesia. Em simultâneo, foram feitas um conjunto de questões ao Presidente da Junta de Freguesia, Armindo Pires Fernandes.

   A análise do mapa fornecido não nos permitiu localizar, especificamente, locais onde se praticam pequenas actividades agrícolas, mas apenas a localização de uma estufa. Somente podemos identificar vários jardins e quintas, não constituindo o nosso objecto de estudo. Juntamente com o mapa, obtivemos informação sobre os dados históricos, a evolução demográfica, a localização, as quintas de Caneças, o brasão e a bandeira, as fontes de Caneças e as festas e romarias, que nos ajudou a realizar a caracterização de Caneças.

   Foi-nos dado também um livro realizado em anos anteriores (2003) por antigos colegas nossos deste estabelecimento de ensino. Este documento que se intitula "Caneças do Verde ao Betão" presenteia-nos com as memórias/ tradições da nossa Caneças ( o saloio e o seu trajo; a terra; Caneças, como terra de turismo) fazendo um contraponto com a Caneças da actualidade, colocando em destaque a mudança "do verde ao betão" e os impactos por esta provocados. Assim, após a leitura deste documento, ficámos a saber que o desenvolvimento de Caneças esteve, acima de tudo, associado às célebres Lavadeiras e Aguadeiros e ainda aos Viveiristas; graças às características agrícolas, particularmente nos planos hortícola e frutícula e ainda ao nível da criação de árvores em viveiros que era muito importante em Caneças. São feitas também referências ao saloio que, até ao século XX, sempre se caracterizou pelo homem do campo, trabalhador rural por excelência que vivia de e para a Terra e cujo estatuto passava de geração em geração, uma vez que os filhos, quando tinham idade suficiente, seguiam um destino semelhante ao dos seus pais e avós: o amanho da terra. 

   No que diz respeito à terra de Caneças, sabemos, tal como é referido na narrativa da conquista de Lisboa feita por um cruzado, que os campos e terrenos nos arredores de Lisboa eram muito produtivos, devido à abundância de solos férteis, onde se cultivavam árvores diversas, a vinha e a oliveira, as ervilheiras, os tomateiros, os feijões de trepar, entre outros produtos. Em Caneças, a cultura da oliveira foi sempre de grande importância, pois o azeite fazia parte integrante da alimentação dos canecenses e constituía uma fonte de rendimentos para a autarquia, dado que a azeitona era vendida em hasta pública e assim engordava os rendimentos desta freguesia.

Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket

   Os terrenos de Caneças são também propícios à cultura de árvores, o que levou ao aparecimento de viveiros. "Viveiro" significa, localmente, o espaço destinado à exploração arborícola, dependendo as suas dimensões da capacidade financeira de cada proprietário, das condições do solo e do clima, bem como das espécies a cultivar e da sua quantidade. Os viveiristas eram, na sua maioria, naturais de Caneças e a mão-de-obra era principalmente masculina. A técnica do "envasamento", isto é, a colha das plantas cultivadas em viveiro quando estas ainda são muito pequenas, permitia que as plantas fossem vendidas em qualquer altura do ano enquanto que as que ficavam em viveiro só podiam ser vendidas no Inverno. Os viveiros mais antigos desapareceram não só porque as pequenas sociedades de Viveiristas desapareceram, mas também porque a exploração de viveiros se tornou muito dispendiosa. Restam as oliveiras e outras árvores florestais que são mantidas por alguns viveiristas.

   Entre outras práticas, destaca-se também o cultivo de cereais, particularmente o trigo que depois de semeado e colhido era levado para os moinhos locais, o do "Baeta", o da "Cozinheira" e o de "Miragaia" e, ainda, a criação de gado (vacas, cabras e ovelhas) que era abundante nesta região.

   Podemos ainda salientar o facto de Caneças, no passado, ter sido uma terra de turismo devido às potencialidades rurais que oferecia, o que pode ser confirmado numa carta datada de 16 de Julho de 1886, enviada por Cesário Verde ao seu amigo Conde de Monsaraz, na qual refere a sua estadia em Caneças, dizendo o seguinte: "A minha nova casa é tudo o que há de mais rústico e de mais pitoresca; da janela do meu quarto estendo o braço, toco a rama dum pinheiro balsâmico e bravo. De roda tudo são pinhais espessos rumorejantes (...) fica longe, do outro lado das ribeiras e dos pomares, no sítio a que chamam o Lugar d'Além.".

   Para além disso, havia outra razão que atraía os turistas a esta freguesia, que era a compra de flores que abundavam nos viveiros da região. Por isso, achamos benéfico que esta prática volte a ser implementada, por exemplo, revitalizando as zonas de plantio relativas à produção de flores e de frutos.

   É com alguma pena que verificámos uma mudança que vem substituindo o verde pelo betão e que tem provocado vários impactos, nomeadamente, a poluição a vários níveis.

   Por fim, a nossa ida à Junta de Caneças revelou-nos algumas informações sobre a região, sendo uma zona predominantemente semi-rural, ou seja, uma zona que ainda tem muitos terrenos para a prática agrícola, mas cuja produção não se destina ao mercado. Também nos referiu aspectos sobre o PDM da freguesia, sendo que este ainda é o de Loures. Todavia, poderemos encontrá-lo em Odivelas, pelo menos nos próximos 10 anos, sendo que ainda não foi aprovado. Este irá definir a aptidão dos solos para a floresta, as zonas verdes e para a prática agrícola, entre outras coisas.

   Em simultâneo, questionámos o Presidente da junta acerca da sua opinião sobre o projecto, pelo que nos adiantou que valorizava muito estas iniciativas das escolas, pois, é um conhecimento muito valioso para o nosso futuro, conhecimento este sobre a área da nossa escola; também pedimos algumas sugestões sobre o projecto, o que, no seguimento disso, nos disse que ainda era muito prematuro para opinar sobre algo, porém, avança que seria uma óptima ideia falar com alguns idosos, que poderiam relatar "histórias interessantíssimas" sobre a região.

Fontes: BOTELHO, Ana e outros, Caneças, Do Verde ao Betão, Caneças, Junta de Freguesia de Caneças, Junho de 2003.

Mapa cedido pela Junta de Freguesia de Caneças, editado pela Vidal & Associados e pela Junta de Freguesia de Caneças.

publicado por canecaspartidas às 20:49
link | comentar | favorito

.Índice

. Segunda Visita à Junta de...

. Informação recolhida na J...

.Arquivos

. Maio 2008

. Abril 2008

. Março 2008

. Fevereiro 2008

. Janeiro 2008

. Dezembro 2007

. Novembro 2007

. Outubro 2007

.Links

.Maio 2008

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3

4
5
6
7
8
9
10

11
12
13
15
16
17

18
19
20
21
22
23
24

25
26
27
28
29
30
31


.pesquisar

 

.Mais sobre nós

.tags

. todas as tags