Nesta altura do campeonato, já com algum trabalho realizado, é importante começar a concretizar outro tipo de tarefas, nomeadamente, a divulgação do blogue. Para tal, elaborámos um bilhete para os professores e amigos:
Para além disso, também colocámos uma entrada de diário no hi5 - danymat.hi5.com -, na qual divulgamos o nosso blogue e tentamos estimular os nossos leitores a visitá-lo.
Antes de passarmos à realização das entrevistas, é fundamental sabermos o que pretendemos saber com elas, ou seja, que contributo nos podem dar na elaboração do nosso projecto, assim como ter um guião que nos possa facilitar o acto de entrevistar.
Durante as últimas décadas, tem-se vindo a assistir a uma crescente urbanização no território português. Como consequência, os espaços rurais têm vindo a perder peso face à forte aposta da generalidade da população pela vida urbana. No entanto, o mundo rural e o mundo urbano são complementares e interdependentes, ou seja, o campo precisa dos serviços públicos e comerciais da cidade, enquanto que esta necessita dos produtos endógenos e outras matérias-primas fornecidas pelo campo.
Como já foi referido, ultimamente tem-se visto uma sobreposição da vida urbana sobre a vida rural. Os contrastes entre estes dois modos de vida são muito acentuados, verificando-se uma melhor qualidade de vida no campo e um maior nível de vida na cidade. Após a realização de um inquérito feito pelo jornal “Observa”, em 1997, em que as perguntas incidiam sobre o local onde se vivia melhor, verificou-se que cerca de 42% da população inquirida escolheu o campo como local onde se vivia melhor, e cerca de 14% dessa amostra inquirida seleccionou a cidade como local predilecto para se viver. As razões que levaram esta parcela da população a escolher estes dois mundos para se viver foram muitas, onde se destacam as seguintes: no que diz respeito à população que escolheu o campo, cerca de 26% indicou que tem uma vida calma, 23% uma vida saudável, e 18% a beleza da paisagem; quanto à população que escolheu a cidade, as razões foram, essencialmente, o acesso a bens de consumo e serviços, empregos e transportes. Também temos a destacar o facto da população que escolheu o campo ter sido, maioritariamente, a população mais idosa. Nesse mesmo inquérito, questionou-se sobre a preferência do local de residência, caso não tivessem constrangimentos de outra ordem (trabalho/escola). Os resultados foram surpreendentes, e numa amostra de 29 inquiridos, 13 escolheram o campo como local de residência, enquanto que os restantes 16 escolheram a cidade para o mesmo efeito. Como era de esperar, a população mais idosa escolheu o campo como residência. Já a cidade foi escolhida por cerca de 10 mulheres e 6 homens, onde, num total de 16 inquiridos que nomearam a cidade, 12 vêm de indivíduos do ensino superior. Por fim, foi questionado aos 29 inquiridos se gostavam de viver na cidade e, desses 29, 20 afirmaram que sim e 9 afirmaram que não. As razões desse desgosto foram o facto da cidade ser “demasiado grande”; “barulhenta”; “poluída”; “confusa” e “muito cansativa”. Para concluir a análise deste inquérito, podemos constatar que a generalidade da população que vive na cidade prefere a vida do campo, mas não consegue deixar a vida da cidade devido a tudo o que ela oferece.
Segundo censos de 2001, pode-se destacar uma fuga populacional para a periferia da Área Metropolitana de Lisboa (AML) – fase centrifuga –, e a existência de fortes movimentos pendulares em direcção ao centro. Este fenómeno pode designar-se como Suburbanização¹ (se a fuga for para as áreas suburbanas) ou Periurbanização² (se a fuga for para as áreas periurbanas³). Nos concelhos tradicionalmente mais rurais da periferia da AML registou-se, na última década, um forte crescimento populacional que indicia um aumento do grau de urbanização nestas zonas. Em suma, ultimamente a população tem-se fixado mais nas zonas rurais da AML, mas tem dado continuidade às funções que desempenham na cidade, bem como tem aproveitado as ofertas que esta dispõe. Também se tem verificado o contrário, ou seja, grande parte da população que vive em zonas rurais tem-se deslocado para as áreas periurbanas e centro da cidade, levando consigo hábitos de vida, nomeadamente rurais, bem como certas actividades que esta vida permite (Agricultura, silvicultura…).
Muitos caracterizam o ambiente rural como sendo uma forma de fuga ao stress, à poluição, às pendularidades citadinas, etc (…), embora seja necessária a interacção entre estes dois mundos – Rurbanização4 –, provocando assim, a inserção do campo na cidade.
Suburbanização¹ – Expansão das cidades pela ocupação humana nos subúrbios.
Periurbanização² – Factor de difusão das características e do ritmo da vida urbana, que se associa ao modo de vida rural.
Área Periurbana³ – Área que se desenvolve para lá da cintura urbana, onde se verifica uma mistura das estruturas urbanas e rurais.
Rurbanização4 – Crescente integração de actividades económicas entre os espaços urbanos e rurais.
Na nossa pesquisa sobre o tema do projecto, encontrámos alguns artigos em revistas da região, pelo que achámos relevante referi-los, pois nota-se que é um tema que ainda preocupa a população. Assim, dos artigos relacionados com o nosso objecto de estudo, encontrámo-los em algumas revistas da nossa região, o que é o caso da revista informativa sobre o PDM - Plano Director Municipal -, duas edições da revista Odivelas revista municipal e, três edições da revista da nossa freguesia: O Caneças.
A revista informativa sobre o PDM, permitiu-nos clarificar o conceito de PDM e alguns dos seus objectivos. Assim, possibilitou-nos elaborar, de uma forma mais completa e concisa, a caracterização de Caneças e de Odivelas. O PDM é um documento síntese da estratégia de desenvolvimento e ordenamento, que estabelece a estrutura espacial do território, integrando opções no quadro regional e nacional, tendo como alguns objectivos a qualificação do território, a melhoria da qualidade de vida dos residentes, entre outros.
Em busca de mais alguma informação, encontrámos algumas revistas do Concelho de Odivelas e da Freguesia de Caneças, das quais evidenciámos que as práticas rurais ainda preocupam a população, pelo qual constituem notícia na actualidade. Nomeadamente, em dois números da revista Odivelas revista municipal, encontrámos seis artigos, um dos quais referia a "Maior Feira Biológica do País em Odivelas". Em três edições da revista O Caneças, identificámos quatro artigos, um dos quais "Memória dos Espaços".
Com a visita à Junta de Freguesia de Caneças, recolhemos informação, desde um mapa até documentos relacionados com a identificação de práticas rurais na freguesia. Em simultâneo, foram feitas um conjunto de questões ao Presidente da Junta de Freguesia, Armindo Pires Fernandes.
A análise do mapa fornecido não nos permitiu localizar, especificamente, locais onde se praticam pequenas actividades agrícolas, mas apenas a localização de uma estufa. Somente podemos identificar vários jardins e quintas, não constituindo o nosso objecto de estudo. Juntamente com o mapa, obtivemos informação sobre os dados históricos, a evolução demográfica, a localização, as quintas de Caneças, o brasão e a bandeira, as fontes de Caneças e as festas e romarias, que nos ajudou a realizar a caracterização de Caneças.
Foi-nos dado também um livro realizado em anos anteriores (2003) por antigos colegas nossos deste estabelecimento de ensino. Este documento que se intitula "Caneças do Verde ao Betão" presenteia-nos com as memórias/ tradições da nossa Caneças ( o saloio e o seu trajo; a terra; Caneças, como terra de turismo) fazendo um contraponto com a Caneças da actualidade, colocando em destaque a mudança "do verde ao betão" e os impactos por esta provocados. Assim, após a leitura deste documento, ficámos a saber que o desenvolvimento de Caneças esteve, acima de tudo, associado às célebres Lavadeiras e Aguadeiros e ainda aos Viveiristas; graças às características agrícolas, particularmente nos planos hortícola e frutícula e ainda ao nível da criação de árvores em viveiros que era muito importante em Caneças. São feitas também referências ao saloio que, até ao século XX, sempre se caracterizou pelo homem do campo, trabalhador rural por excelência que vivia de e para a Terra e cujo estatuto passava de geração em geração, uma vez que os filhos, quando tinham idade suficiente, seguiam um destino semelhante ao dos seus pais e avós: o amanho da terra.
No que diz respeito à terra de Caneças, sabemos, tal como é referido na narrativa da conquista de Lisboa feita por um cruzado, que os campos e terrenos nos arredores de Lisboa eram muito produtivos, devido à abundância de solos férteis, onde se cultivavam árvores diversas, a vinha e a oliveira, as ervilheiras, os tomateiros, os feijões de trepar, entre outros produtos. Em Caneças, a cultura da oliveira foi sempre de grande importância, pois o azeite fazia parte integrante da alimentação dos canecenses e constituía uma fonte de rendimentos para a autarquia, dado que a azeitona era vendida em hasta pública e assim engordava os rendimentos desta freguesia.
Os terrenos de Caneças são também propícios à cultura de árvores, o que levou ao aparecimento de viveiros. "Viveiro" significa, localmente, o espaço destinado à exploração arborícola, dependendo as suas dimensões da capacidade financeira de cada proprietário, das condições do solo e do clima, bem como das espécies a cultivar e da sua quantidade. Os viveiristas eram, na sua maioria, naturais de Caneças e a mão-de-obra era principalmente masculina. A técnica do "envasamento", isto é, a colha das plantas cultivadas em viveiro quando estas ainda são muito pequenas, permitia que as plantas fossem vendidas em qualquer altura do ano enquanto que as que ficavam em viveiro só podiam ser vendidas no Inverno. Os viveiros mais antigos desapareceram não só porque as pequenas sociedades de Viveiristas desapareceram, mas também porque a exploração de viveiros se tornou muito dispendiosa. Restam as oliveiras e outras árvores florestais que são mantidas por alguns viveiristas.
Entre outras práticas, destaca-se também o cultivo de cereais, particularmente o trigo que depois de semeado e colhido era levado para os moinhos locais, o do "Baeta", o da "Cozinheira" e o de "Miragaia" e, ainda, a criação de gado (vacas, cabras e ovelhas) que era abundante nesta região.
Podemos ainda salientar o facto de Caneças, no passado, ter sido uma terra de turismo devido às potencialidades rurais que oferecia, o que pode ser confirmado numa carta datada de 16 de Julho de 1886, enviada por Cesário Verde ao seu amigo Conde de Monsaraz, na qual refere a sua estadia em Caneças, dizendo o seguinte: "A minha nova casa é tudo o que há de mais rústico e de mais pitoresca; da janela do meu quarto estendo o braço, toco a rama dum pinheiro balsâmico e bravo. De roda tudo são pinhais espessos rumorejantes (...) fica longe, do outro lado das ribeiras e dos pomares, no sítio a que chamam o Lugar d'Além.".
Para além disso, havia outra razão que atraía os turistas a esta freguesia, que era a compra de flores que abundavam nos viveiros da região. Por isso, achamos benéfico que esta prática volte a ser implementada, por exemplo, revitalizando as zonas de plantio relativas à produção de flores e de frutos.
É com alguma pena que verificámos uma mudança que vem substituindo o verde pelo betão e que tem provocado vários impactos, nomeadamente, a poluição a vários níveis.
Por fim, a nossa ida à Junta de Caneças revelou-nos algumas informações sobre a região, sendo uma zona predominantemente semi-rural, ou seja, uma zona que ainda tem muitos terrenos para a prática agrícola, mas cuja produção não se destina ao mercado. Também nos referiu aspectos sobre o PDM da freguesia, sendo que este ainda é o de Loures. Todavia, poderemos encontrá-lo em Odivelas, pelo menos nos próximos 10 anos, sendo que ainda não foi aprovado. Este irá definir a aptidão dos solos para a floresta, as zonas verdes e para a prática agrícola, entre outras coisas.
Em simultâneo, questionámos o Presidente da junta acerca da sua opinião sobre o projecto, pelo que nos adiantou que valorizava muito estas iniciativas das escolas, pois, é um conhecimento muito valioso para o nosso futuro, conhecimento este sobre a área da nossa escola; também pedimos algumas sugestões sobre o projecto, o que, no seguimento disso, nos disse que ainda era muito prematuro para opinar sobre algo, porém, avança que seria uma óptima ideia falar com alguns idosos, que poderiam relatar "histórias interessantíssimas" sobre a região.
Fontes: BOTELHO, Ana e outros, Caneças, Do Verde ao Betão, Caneças, Junta de Freguesia de Caneças, Junho de 2003.
Mapa cedido pela Junta de Freguesia de Caneças, editado pela Vidal & Associados e pela Junta de Freguesia de Caneças.
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